Apresentamos as propostas da Senadora Marina Silva, na entrevista exclusiva que a pré-candidata à Presidência, concedeu à Rádio CBN, nesta manhã de 24/05/2010.
Marina Silva em entrevista exclusiva à CBN
RIO - A pré-candidata do PV à Presidência, Marina Silva, disse em entrevista à CBN nesta segunda-feira que seus adversários José Serra (PSDB) e Dilma Rousseff (PT) extrapolam os limites da pré-campanha. Marina aproveitou para fazer um mea culpa, afirmando que a coordenação de campanha do PV preferiu ocultar seu nome em faixas de apoio ao lançamento da candidatura de Fernando Gabeira (PV) ao governo do Rio para não configurar propaganda eleitoral antecipada. ( Blog da Miriam Leitão: Marina diz que errou ao votar contra Real e LRF )
" É uma orientação de quem está entendendo da legislação e não quer extrapolar como estão extrapolando a torto e a direito "
- Estou me referindo aos dois (Serra e Dilma). E estou aguardando os meus advogados que vão olhar a história da faixa (em Natal), ainda que seja uma coisa muito modesta, para saber se, mesmo involuntariamente, nós também não extrapolamos. A minha orientação é que sempre se cumpra a lei, mas às vezes a militância extrapola - completou.
No lançamento da pré-candidatura de Gabeira ocorrido no domingo, o nome de Marina foi coberto em faixas. Enquanto a campanha da senadora tem o apoio exclusivo do PV até agora, Gabeira leva as adesões não apenas dos verdes, mas também do PSDB, DEM e PPS, as três siglas que dão suporte à candidatura de Serra à Presidência da República.
Para Marina, "não tem nada a ver" o apoio de Serra ao deputado:
- O Gabeira tem dito reiteradas vezes que está com o nosso projeto nacional. Obviamente que ele está em uma coligação que está sendo construída de uma forma muito delicada e o governador Serra está apoiando. Isso significa que o Gabeira é o melhor para o Rio, e o Partido Verde e o seu projeto o melhor para o Brasil.
Marina afirma que não foi a evento de Gabeira devido a acerto com Serra Mais tarde, em entrevista a jornalistas, a verde disse que não foi ao lançamento da pré-candidatura de seu colega de partido porque havia um acerto para que nem ela nem o tucano José Serra comparecessem.
- Já havia um entendimento de que nem eu nem o Serra íamos neste evento, como concepção política. Além disso, eu já tinha um impedimento neste domingo. Fiquei tentando melhorar (a voz), para dar esta entrevista (à rádio CBN) - explicou.
" No caso do presidente Lula, ele mesmo toma a atitude de fazer estas extrapolações "
- No caso do presidente Lula, ele mesmo toma a atitude de fazer estas extrapolações. Aí é muito grave, pois o exemplo tem que vir de cima. Sempre digo que mais próximo do rei, mais alta é a forca - apontou Marina.
A verde ressaltou também que a lei eleitoral deveria ser respeitada independente do valor das multas aplicadas:
- A gente nem deve precisar que seja uma multa cara para cumprir a lei. A lei deve ser cumprida independentemente de qualquer coisa.
Marina também afirmou na entrevista que é favorável à sanção do aumento de 7,7% para os aposentados, mas disse que vetaria o fator previdenciário. Ela voltou a criticar a construção da usina de Belo Monte. Disse ainda, que o acordo do Brasil com o Irã para resolver a questão do urânio deve ser visto com ressalvas.
Confira outros trechos da entrevista: Pesquisa Datafolha e eleição plebiscitária
"Confesso que gostei (do resultado), porque estamos só no começo, sem estrutura, há cinco meses. Os outros já são candidatos desde pequenininhos. A gente está com estes 12% é porque a sociedade brasileira resolveu se escalar para acabar com este empate. Sinto que estamos debelando o plebiscito e estabelecendo um processo político. (...) O povo não vai comprar a tese do plebiscito e vai desempatar este jogo. O plebiscito entre Lula e Fernando Henrique que não estão nem concorrendo as eleições. As pessoas tem que olhar para quem está concorrendo. O Brasil está cansado dessa história de que toda a vez fica uma guerra do vermelho contra o azul. Não é isso que interessa."
Fator previdenciário e reajuste de 7,7%
"No caso do fator, vetaria. No caso do reajuste dos aposentados, não. Eu inclusive fui para o Congresso para participar desta votação. E lá foi feito um acordo de lideranças em que eu votei favoravelmente ao projeto como estava para não voltar para a Câmara dos Deputados, mas eu tenho um posicionamento contrário ao (fim do) fator previdenciário. Esse vetaria. Em relação aos aposentados, acho que é justo recuperar o poder aquisitivo dos aposentados e obviamente que isso leva a déficit na Previdência. (...)Se o governo fizer as escolhas certas vai conseguir (dar o reajuste), agora vai precisar fazer a reforma da Previdência."
Plano Real e Lei de Responsabilidade Fiscal
"Votei contrário (à Lei de responsabilidade fiscal), seguindo a orientação do partido, mas hoje, reconheço que foi uma coisa acertada. Acho que você pode ter um pensamento num determinado momento, agora, você não pode permanecer com o mesmo pensamento só porque quer manter aquela posição, quando a realidade já te mostra que você estava equivocada. (...) Com relação ao plano real, eu tinha uma visão contrária, na época. Inclusive nós, equivocadamente, quando fizemos a campanha do presidente Lula, que ele ganhou, foi tudo em cima de combate ao Plano Real. E isso foi uma aprendizagem muito grande para mim, porque aprendi que não podemos deixar de reconhecer as coisas só depois que os governos passam"
Acordo nuclear com o Irã
"O Brasil acabou dando um audiência excessiva que nenhum país, nenhuma democracia ocidental deu ao Irã. Não é proibido conversar, não é proibido dialogar. Agora, é fundamental que a diplomacia presidencial fique muito atenta para separar o que são interesses comerciais do que é uma política de Estado baseado nos princípios que defende. Se direitos humanos, liberdade política, liberdade de expressão é importante para os brasileiros, então é importante para os cubanos e para os iranianos. Estamos com este acordo Brasil e Turquia, mas não vamos nos esquecer que a França e Rússia no ano passado fizeram este acordo com o Irã, e não foi cumprido. Temos que ficar em compasso de espera porque o Irã tem como princípio produzir a bomba atômica. (...) É bom não celebrar antes do tempo, inclusive mantendo a pressão. Porque se a opinião pública internacional não tivesse feito a pressão que fez sequer talvez este acordo tivesse saído."