Gustavo Faleiros |
No dia em que o presidente Lula declarou, em Londres, que o Brasil não levará metas numéricas à conferência do clima em Copenhague, o secretário da Convenção das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, Yvo de Boer, disse que “está ansioso” pelo anúncio do governo brasileiro de medidas de redução de emissões no país. De Boer expressou sua expectativa a um pequeno grupo de jornalistas latino-americanos que fazia uma entrevista exclusiva com ele durante o encontro da ONU em Barcelona, a última rodada antes da reunião na Dinamarca . “Estou ansioso pelo anúncio do Brasil sobre as medidas que vai adotar para reduzir a sua curva de emissões”, disse.
A proposta brasileira para Copenhague tornou-se uma verdadeira novela. Ela vem sendo discutida sobre documento elaborado pelo Ministério do Meio Ambiente, que propôs ação em duas frentes: redução drástica do desmatamento e cortes nas emissões dos setores industrial, agrícola e de transportes. A meta de se mitigar 80% do desflorestamento na Amazônia até 2020 parece ter atingido consenso, mas as outras ações engessaram Lula e seus ministros. Não se sabe se haverá números ou não. Na terça, após um reunião ministerial, o presidente resolveu que o anúncio das metas seria adiado. Agora, a notícia é de que nem anúncio teremos.
A declaração do secretário da ONU não soa como uma cobrança direta à Lula, mas revela o peso que o Brasil, como umas das principais economias emergentes, tem nas negociações do clima. “Nós vamos precisar saber em Copenhague o que os países em desenvolvimento como o Brasil poderão fazer, e eu espero que estes esforços possam ser quantificados”, pontuou De Boer. Ele reconheceu que o país já tem aprovado um plano nacional de mudanças climáticas, mas que espera que seja possível ao governo finalizar “um novo pacote e um número antes de Copenhague.”